Deus
menino,
a
minha gruta é fria...
não
tem a simplicidade que enche de côr;
não
tem o brilho
que
abre e acolhe,
não
tem vida,
pois
tudo é inerte e oco,
não
tem Maria
pois
não tem espaço para o sim total,
não
tem José
pois
não tem o bastão de confiança,
não
te tem a ti Deus menino
pois
está atulhada de caixotes
num
cinzento vazio...
Vem!
Vem nascer na minha pobreza!
A
palha são os meus braços
de
desistência e de tantas inutilidades;
a
manjedoura é dura
pois
o coração é de pedra
fechado
ao que é novo
pois
no corridinho do dia a dia
não
tem tempo para montar o presépio;
não
tem um sorriso rasgado
pois
a mente continua inútil
a
percorrer a lista de coisas a fazer...
Deus
menino
não
tenho nada preparado
só
montanhas de tentativas falhadas...
mas
vem Deus menino
nasce em mim
para que eu possa
nascer em ti!
Joana Ribeiro