domingo, 30 de dezembro de 2012

Vinde e vede!


- Que procurais?
– Mestre onde moras?
-Vinde e vereis.

E eles seguiram-no e viram
Viram homens e mulheres lutando nas ruas por justiça e pão,
Viram jovens sem esperança de olhar vazio crivado no chão
e crianças tristes e mãos vazias, e políticos prometendo para tudo a solução
e mendigos de pão, de justiça e liberdade
crianças que morreram sem nascer
inocentes acusados sem razão
por defenderem a verdade.
e viram a fome dormindo ao relento
a fome de paz, de trabalho, de atenção
a fome de Deus, a fome de amor, a fome de crer, de ver mais além,
de um olhar atento capaz de encontrar ao colo da mãe
doente, sofrendo, sem medicamentos, o Deus Menino nascido em Belém.
Viram o sol nascer radioso
Escutaram o vento, sentiram calor
A força do mar, o milagre da vida, o gozo da chuva brincando no rosto, o encanto da flor…
- Mestre onde moras?
Vinde e vede, diz o Senhor
Mas que fazer desta venda que impede de ver em cada fome, em cada sede, em cada injustiçado o rosto sofrido de Cristo Senhor?
Que fazer desta cegueira auto imposta,
Que fazer do desejo de te seguir, de te amar
De ser resposta, se te não vejo?
Onde estás ó Deus?
- Mestre que eu veja!
E viram então Deus no menino chorando de frio, dormindo no chão,
Deus no homem que estende a sua mão pedindo justiça
Oferecendo perdão
Deus misericórdia, Deus paz, Deus pão partido
Deus no jovem decidido a fazer do coração manjedoura de Belém.
Deus irmão, Deus pai, Deus mãe
Na porta aberta para acolher quem quiser acreditar e beber da fonte da água viva
E deixar-se levar confiante nas mãos de um amor que vem dos céus.
Sem conta nem medida, amar, só por amar,
Querer ser de todos, sendo de Deus.
É Natal, irmão! Jesus nasceu num qualquer lugar perto de ti. Na tua casa, na tua comunidade, na tua Belém.
Abre o coração, confia, passa a porta, alegra-te e anuncia
E Jesus nascerá de novo a cada dia, em ti, também.

Olinda Ribeiro