Natal de novo
Novo Natal
Foi Natal
Os galos
foram os sinos
Os anjos são
os meninos, no segredo da cabana, acabados de nascer.
Foi Natal
Nas mãos limpas,
abertas para acolher,
No missionário,
escorrendo suor,
que escolheu
viver cada dia, em cada hora
O evangelho
do Amor.
Foi Natal
No brilho do
olhar, no coração da avó que recebeu em casa, e na sua vida, o seu Senhor.
Foi Natal nas
ruas de pó e pedra, onde os sorrisos correm descalços
em
buganvílias a florir
no silêncio
do caminho.
Foi Natal
No hábito do
capuchinho,
do jovem que
se fez pescador.
Na menina
que se fez Irmã, sol, carinho, amor.
Foi Natal
E as vestes
brancas dos anjos morenos
encheram de
alegria e cor e paz e bem
a igreja que
hoje foi nova Belém
Foi Natal
Na aldeia
que amanhece louvando o Senhor,
No pão partido
para quem vier, de longe, de perto, seja quem for.
Foi Natal
Sem gorros
vermelhos, nem montras iluminadas
Sem bolas de
espelho, brilhantes, guardadas
gastando brilho
e cor no tempo que passa.
Foi Natal à
luz de velas e estrelas cintilantes na imensidão do céu que a cada noite nos
abraça
Foi Natal no
mar que canta nas casuarinas junto à ribeira,
Na oração
chorada, na roda de irmãos,
à sombra fresca da mangueira.
Foi Natal
Os sinos
tocaram, os anjos cantaram, as crianças riram e eu não ouvi.
Enquanto
enfeitei o meu pinheiro e contei o dinheiro que gastei nas prendas que dei ou
recebi
Foi Natal lá
fora, e eu não vi.
21/11/2013
Olinda Ribeiro