domingo, 13 de janeiro de 2013

Cantarei ao Senhor - Sl 104 (103)



«Cantarei ao Senhor, enquanto viver
Louvarei o meu Deus enquanto existir
Bendiz a minha alma, o Senhor       
Nele encontro a minha alegria» Sl 104(103)

Como são grandes as tuas obras, SENHOR
Dia e noite, meu coração te há-de louvar
Tu nos criaste por teu grande amor
E sobre as águas vieste morar.

Como és grande meu Pai e meu Deus
Maravilhosa é a tua Criação
Frutos, animais e flores são filhos teus
A todos alimentas por Tua mão

Caminhas grandioso nas asas do vento
E ofereces à noite o luar
Inundas de luz e cor o firmamento
E dás aos dias o sol a cintilar

De tuas bênçãos cobriste a irmã terra
E do seu ventre fizeste germinar
Toda a vida que por amor encerra
Para ser, SENHOR, o teu altar

Toda a criatura cante o meu SENHOR
Animais da terra ou que habitem nos mares
Ergam aos céus hinos de louvor
Dancem de alegria as aves pelos ares

Para todo o sempre dêmos glória ao SENHOR          
A Ele que fez a terra e os Céus 
Com toda a Criação louvemos o Criador
Que é nosso pai, nosso irmão e nosso Deus.
Olinda Ribeiro

Uma história para crianças (ou não)




Era uma vez um Rei muito rico e poderoso que podia fazer tudo o que quisesse. Tudo o que desejava tornava-se realidade.
Um dia este Rei decidiu que iria começar um reino desde o início. Queria escolher as terras e os rios que as haviam de regar, as pessoas que nele habitariam, uma a uma desenhadas e escolhidas por si.
Começou por criar os dias e as noites, os rios e os mares, as terras e as plantas, todos os animais da terra, os peixes e as aves. Grandes e pequenos, de todas as formas e cores. Todos criados pela mão e o coração do seu Rei. No dia em que criou as crianças o Rei não cabia em si de contente. Vê-las a rir e a brincar era tão maravilhoso que não resistiu a disfarçar-se de criança e correr descalço com elas chapinhando na lama, jogar às escondidas e rir-se até lhe doerem as bochechas. O rei gostou tanto de brincar com as crianças que há quem diga que se estivermos atentos conseguimos descobri-lo muitas vezes disfarçado numa delas. Era tão bom brincar que quase chegou a desejar que a noite nunca chegasse. Mas… e as estrelas? Que seria do brilho das estrelas, a quem serviria a luz prateada do luar se não houvesse a noite? Então o rei semeou estrelas no céu para iluminar os sonhos dos meninos e os caminhos dos homens.
Neste reino, criado com amor, tudo era perfeito, tudo era de todos, todos cuidavam uns dos outros e o rei sentia-se muito feliz.
Mas um dia um dos homens decidiu que todas as terras até onde a sua vista chegasse haviam de ser suas, pois achava-se mais forte e melhor do que todos os outros. Então construiu muros altos à volta das suas terras e lé viveu e morreu sem que mais ninguém o visse. Pouco depois outros homens seguiram-lhe o exemplo e em pouco tempo havia tantos muros que as flores deixaram de receber o sol e começaram a murchar, os pássaros não conseguiam voar por cima dos altos muros e deixaram de cantar.
As terras sem dono eram já tão poucas que os homens lutavam entre si para as conquistar. Já não se ouviam os risos das crianças nem as canções de embalar nas vozes das mães que ajudavam os sonhos a chegar.
O Rei ficou triste e chorou. Chegou a pensar em desistir deste reino e começar tudo de novo noutro lugar, mas lembrou-se da alegria das crianças e tomou uma decisão:
- «Vou até junto dos homens. Irei dizer-lhes para destruírem os muros, para darem as mãos uns aos outros, para repartirem entre todos, tudo o que lhes dei, para aprenderem a viver como as crianças.»
E o rei correu todo o reino a falar, enviou mensageiros em todos os tempos, a todos os lugares, mas os homens não o ouviram. Então pensou:
- «Talvez não tenham percebido bem as palavras que lhes disse ou talvez não saibam como fazer para voltarem a viver no reino como o criei. Vou mostrar-lhes como fazer».
Então o rei tornou-se um deles e viveu amando tudo e todos, ensinando a perdoar, e gastando a sua vida no serviço aos outros. Esta forma de vida foi cativando muitas pessoas que o seguiam para o ouvir. Sabem, acho que algumas crianças o reconheciam porque muitas corriam para ele assim que o sentiam ao longe. Eram tantas que um dia os que o seguiam não queriam que elas se aproximassem do rei e empurravam-nas, mas Ele disse-lhes: Deixai-as vir até mim, pois é delas o meu reino. Quem não for como elas não poderá entrar no meu reino.
Os homens não percebiam muito bem o que ele dizia. E alguns chegavam mesmo a zangar-se com ele. Outros reconheceram nele o rei e exultavam por pensarem que veio para destruir os mais poderosos e sentar-se em todos os tronos que os homens tinham criado.
O Rei ficava triste e chorava porque os homens não entendiam que só era preciso aprender com as crianças e tudo seria perfeito de novo.
Um dia, alguns homens muito maus, com medo que este rei os viesse destronar, foram ao seu encontro e mataram-no, como de um ladrão ou um malfeitor se tratasse. Mas este rei, com um amor infinito pela obra da Criação, triunfou sobre a morte e ofereceu a todos os seus súbditos uma vida nova de luz e de paz. Sentou-se de novo no trono, junto do pai, mas sempre que o dia nasce ou a noite cai, se estivermos atentos havemos de encontrá-lo na mãe que embala o berço, na brisa que acaricia, no profeta que o anuncia, na criança que se deixa conduzir, no pobre que sorri, na luz, no caminho….
Os homens estragaram, sujaram, ergueram muros, fizeram guerras, mas este é um reino tão querido pelo seu rei que não desiste dele e todos os dias o percorre de uma ponta a outra à procura de quem o queira ajudar a restaurar o reino perfeito que sonhou e criou para o seu povo.
Se um dia vires alguém sorrindo de braços abertos para acolher uma criança, é ele, o Rei que te quer acolher no seu reino. Faz-te criança, dá-lhe o teu coração e viverás feliz para sempre.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Como o 4º Rei

Meu rei, venho de um tempo e de um espaço em que a tua luz era apenas um pequenina chama reluzindo ao longe. Mas logo que te vi, comecei a caminhar. Ver a tua luz tornou-se a razão da minha vida. Encontrar-te - a orientação dos meus passos.
Foi longo o caminho. Por vezes deixei de te ver, senti-me perdido. Por vezes quase desisti de te procurar. Nesses momentos enviaste alguém para me recordar porque vivo, por quem vivo, para quem vivo. Quis trazer-te o melhor dos tesouros, meu rei, meu Senhor. Quis encontrar o melhor perfume para ungir os teus pés, as melhores sedas para te vestir, um berço de ouro para ti, Deus menino.
Pobre de mim que aqui me encontro e nada tenho, pois todos os tesouros que tinha fui-os repartindo ao longo do caminho com a criança faminta, com o irmão sem abrigo, sem emprego, com o meu irmão, com a minha irmã que precisavam de mim. E eram tantos… Sabes, menino, de cada vez que o fiz a tua luz brilhava mais forte e foi mais fácil caminhar.

Meu Menino, meu Senhor e meu rei, permite-me contemplar agora a tua luz e deixar-me invadir totalmente por ela. Prostrado a teus pés, em adoração, aqui estou. Com tudo o que sou, com os tesouros que me ficaram da caminhada. Recebe-os e recebe-me meu Senhor. Faremos juntos, o caminho de volta: o caminho dos pobres, dos mansos, dos humildes, dos felizes.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Virão e verão


Virão os que fizeram caminho,
Sem medo, seguindo estrelas.
Trarão ouro, mirra e incenso.
Das coisas do mundo, escolherão as mais belas
Para quem é rei, homem e Deus
Para quem rasgou todos os véus
E pôs o rosto de Deus no rosto de uma criança,
Ela mesma aliança da criatura e do Criador.
Virão e trarão o que têm de melhor
Para aquele que tudo tendo, se deu a nós por amor.
Virão e verão
No menino de Belém,
Sorrindo, nas palhas nascendo,
Descido dos céus, o Salvador.
Olinda Ribeiro