Lavado pela Tua Graça

Hei de louvar-Te Senhor, todos os dias da minha vida

Os meus lábios darão glória ao Senhor

E abrir-se-ão em cânticos de louvor.

O Nome do Senhor é Santo.

Hei de louvar-Te, Senhor, dia e noite sem cessar

A minha boca falará do encanto da vida em Ti, da justiça da Tua Lei,

Anunciarão o Teu Reino de Paz e de Amor

E o meu coração impuro e fraco,

Pela Tua graça lavado,

Baterá feliz ao ritmo do teu amor,

Filho por Ti amado, meu Deus e meu Senhor.

Escutei a Tua Palavra, acolhi em mim a Tua Lei

E aqui me tens Senhor

Disposto a amar-Te, a seguir-Te, a louvar-Te

Com tudo o que sou, posso e sei.

Serei testemunha vida do Teu evangelho

Que transforma o homem velho em homem novo

E, com os irmãos do Teu povo,

Tão próximo do divino,

Cantarei sem cessar, este hino de louvor

Pois Tu, Senhor, que estás sempre comigo,

És meu Deus, meu Mestre, meu Pai e Amigo.

Olinda Ribeiro

A quem iremos Senhor?

Na escuridão do caminho, eu Te encontrei

E os meus olhos viram a nova luz e nunca mais a noite caiu em mim.

No peso do silêncio escutei Tua voz

E os meus ouvidos abriram-se a melodias sem fim.

Senhor Jesus, Bom Mestre, guia dos meus passos,

Tu és, Senhor, o caminho que queremos percorrer, o dia sem ocaso,

És a Palavra que dá Vida, és a força que nos faz viver, dia a dia, ao serviço do irmão.

A quem iremos Senhor, se não a Ti?

A quem escutaremos se não a Tua voz?

Tu és, Senhor, a origem e a meta dos nossos passos,

És a razão dos nossos atos.

Aqui nos tens, olha para nós.

As palavras são duras, o caminho é difícil,

Mas a fé nos sustenta.

Deixa-nos caminhar contigo

O caminho iluminado pela Luz da luz.

A quem iremos nós se não a Ti, Bom Jesus?

A quem escutaremos se não a Tua voz?

Queremos ser Teus discípulos,

Trilhar contigo o caminho da Paz e do Amor

Feito de partilha, de entrega e dor,

Mas sobretudo feito de esperança de vida eterna

E da certeza da Tua presença em cada passo,

Meu Mestre e Bom Senhor.  

Olinda Ribeiro

Pão do céu

Do outro lado, do grande lago

Esperas por mim, Senhor.

E eu cá deste lado, me deixo ficar, preocupado

Com o que hei de comer, o que hei de vestir

Hoje, amanhã,

Num futuro que só Tu, Senhor,

Sabes se há de vir.

Peço-te sem cessar o pão de cada dia,

Que me afaste esta fome de infinito.

E tu, que és o único pão que sacia, 

Tu que ouves o meu grito, o lamento do teu povo, me dizes: vem!

Faz comigo a travessia.

Farei de ti um homem novo,

Serei o ar que respiras, teu alimento.

Dar-te-ei a vida que não tem fim.

Vem viver comigo, em plenitude, a paz e o bem

Vem ser para os outros para não seres de ninguém,

Como quem vive para servir, por amor de mim. 

Senhor Jesus, que és pão do céu

Que o Pai me oferece por amor,

Aceita-me assim como sou,

Como o Pai me sonhou.

Toma a vida que, um dia, por amor, me deu.

Em Ti confio, a Ti me entrego

Só Tu me bastas, nada mais quero, meu Senhor.

Olinda Ribeiro

Permanece em mim

Senhor

Chamaste-me amigo e convidaste-me a fazer o caminho contigo.

Não prometeste que iria ser fácil, que os dias seriam todos claros

E os percursos bem definidos.

Não me disseste que poderia perder-me, sentir-me fraco, querer desistir.

Mostraste-me apenas o caminho que se faz ao caminhar com os irmãos

Feito de gestos de paz e amor, de mãos abertas para o serviço, 

de pés descalços prontos a partir ao encontro.

Mostraste o caminho caminhando à minha frente.

«Ama como eu te amo, permanece em mim e eu estarei sempre contigo»,

É a certeza da tua presença que me faz avançar.

É esta sede de amar, que vive nos que deixam o seu conforto

Para trilhar o caminho ao encontro do amor sem fronteiras:

«Como eu amei…»

Senhor, que és a videira verdadeira sem a qual nada sou,

Louvado sejas pelo dom do teu amor,

Por cada um dos irmãos que são, com as suas vidas, luz na minha vida.

Dá-me Senhor a coragem para partir, a força para amar, a fé para permanecer

E acreditar que, no final do caminho,

Viveremos juntos, a eterna Páscoa do teu amor.

Olinda Ribeiro

Natal das luzes/Natal de Jesus

No Natal das luzes há árvores iluminadas

E casas, na escuridão, sem dinheiro para a luz.

No Natal das luzes há ruas cintilantes, estrelas da cor do dinheiro

E homens na escuridão por falta de fé, de amor verdadeiro.

No Natal dos brinquedos

Há brinquedos para todos os desejos e desejos para quem não há brinquedos.

No Natal dos brinquedos há crianças que tudo têm 

E crianças sem escola, com fome, com frio, com medos, sem mãe.

No Natal das ceias

Há mesas fartas, doces para todos os gostos, bacalhau, vinhos caros,

E comidas que ninguém já consegue comer,

E há os outros que passam fome mas a quem nesta noite, tão linda, ninguém quer ver.

No Natal das festas

Há roupas novas, nas cores da moda, de pêlo e pele, boas fazendas e carteiras a condizer

E há pés descalços e crianças a quem o frio não deixa adormecer.

Mas, no Natal de Jesus,

Há paz e partilha

Pão para todos, risos e abraços, amor sem olhar a quem.

No Natal de Jesus a alegria do outro é o melhor presente,

E ninguém será feliz ou terá Natal enquanto houver alguém

A quem é negado o direito de ser gente, de ser igual.

No Natal de Jesus não há homens e mulheres, ricos ou pobres, mas só irmãos,

e portas abertas para acolher.

A roupa não será nova mas a todos abrigará,

E o Menino, feliz pelas ruas,

correrá de casa em casa, de coração em coração,

e nas mãos dispostas para o serviço,

encontrará um lugar para nascer.

Irmãos, vamos fazer o natal acontecer!

É tempo de viver a fé, de deixarmos de viver no Natal,

Para vivermos o verdadeiro Natal de Jesus.

Olinda Ribeiro

Dá-me a eternidade...

Se estivesses em mim, não teria morrido.

Senhor da Vida, faz-me viver.

Sem ti, na escuridão, estou perdido, preso ao chão.

Tenho sede de paz, de infinito.

Senhor da Vida, Cristo ressurreição,

Eu acredito, deixa-me ver.

Quero viver por ti, em ti morrer

E, na tua aliança de amor, para sempre renascer.

Quero sentir a vida nova que brota da cruz

Unindo-nos para sempre meu Bom Jesus,

Meu bom Senhor.

Graças te dou, Deus da Vida,

de toda a vida, de todo o tempo.

Deus Amor, Vida e Verdade

Tira-me deste sepulcro em que vivo

Dá-me, hoje mesmo,

Por teu amor, a eternidade.

Olinda Ribeiro

Amarei...

Ainda que a ofensa torne difícil perdoar,

Eu hei-de amar.

Ainda que se esqueçam de mim ou me queiram ignorar,

Eu hei-de amar.

Ainda que me persigam e me queiram humilhar,

Eu hei-de amar.

Ainda que outros queiram impedir-me de falar,

Eu hei-de amar.

E se a chuva cair e se a noite chegar,

Eu hei-de amar.

E se o corpo insistir em não me deixar caminhar,

Eu hei-de amar.

E se dos bens deste mundo me quiserem afastar,

Eu hei-de amar.

Ainda que a solidão seja difícil de suportar,

Eu hei-de amar.

Amarei o Senhor meu Deus, com toda a minha alma, com todo o meu Espírito

E ao próximo como a mim mesmo.

Olinda Ribeiro

A Deus o que é de Deus

À imagem de Deus, à Sua própria imagem, o Senhor me criou.

E Deus é Amor, é Partilha, Paz e Bem.

Deus é o Verbo, Palavra de Vida

Partilhada, vivida, anunciada...

E eu, quem sou?

À imagem de Deus, pobre dos pobres...

Deus que é o Caminho e connosco caminha

Que procura Zaqueu, ruma a Emaús

Deus que é Verdade e luz...

E eu, para onde vou?

«Dai a Deus o que é de Deus»

E eu que sou teu, meu Senhor, a Ti me dou.

Quero abraçar a Missão

Ser palavra e pão

Espalhado aos quatro ventos sem olhar a quem

Pois cada homem é meu irmão e Deus não pertence a  ninguém.

E onde houver alguém, de qualquer raça ou cor

Na Ásia, na África, na Europa, na América, na Oceania, seja onde for,

criado à imagem de Deus, do meu Senhor, tal como eu,

levarei o Evangelho do Amor,

construiremos na Terra, o Céu.

Olinda Ribeiro

O meu Amigo plantou uma Vinha

O meu amigo plantou uma vinha numa bela colina,

Promessa fervente de frutos frescos, que semeou para mim.

Saiu depois pelas ruas, procurando-me nos dias cinzentos,

Nas noites escuras onde me perdi.

E me encontrou por fim

Trabalhador de ultima hora, ocioso,

Tão cheio de mim que nem o vi.

E o meu amigo me procurando: Vem para a minha vinha. Preciso de ti.

Na vinha do meu amigo todos têm o seu espaço, pobres e ricos, homens e mulheres de todos os credos e cores,

Os filhos mais fiéis e os pecadores.

Todos chamados, livres, felizes, unidos pelo mesmo abraço,

E um mesmo amor incondicional:

O amor do Pai que nos convida para a sua vinha e acolhe a todos por igual.

Por isso te hei de louvar, Senhor da Vinha todos os dias da minha vida.

Na alvorada te direi: aqui estou.

Trabalharei no teu campo, beberei do teu vinho, comerei do teu pão,

E à noite cantarei a alegria de ser teu servo escolhido,

teu filho amado, partilhando tua Paixão,

e em paz descansarei, por fim, agradecido.

OlindaRibeiro

Caminhando me perdi

Quis percorrer o caminho suave e seguro que desenhei para mim,

E nos caminhos me perdi.

Quis saciar esta sede de ser gente e ser feliz, nas fontes que descobri;

Quis encontrar a luz para apagar as noites que dentro de mim acendi;

Quis ser alguém, inventar estrelas, sozinho, sem Ti;

Quis mudar o mundo e do mundo me escondi;

Quis absorver a força que me trouxe hoje aqui;

Quis ser, de todos, irmão, e só então me apercebi

Que a minha vida, o meu mundo, a minha sede, a minha luz, a minha busca 

só valem a pena por Ti.

Olinda Ribeiro