terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Como o 4º Rei

Meu rei, venho de um tempo e de um espaço em que a tua luz era apenas um pequenina chama reluzindo ao longe. Mas logo que te vi, comecei a caminhar. Ver a tua luz tornou-se a razão da minha vida. Encontrar-te - a orientação dos meus passos.
Foi longo o caminho. Por vezes deixei de te ver, senti-me perdido. Por vezes quase desisti de te procurar. Nesses momentos enviaste alguém para me recordar porque vivo, por quem vivo, para quem vivo. Quis trazer-te o melhor dos tesouros, meu rei, meu Senhor. Quis encontrar o melhor perfume para ungir os teus pés, as melhores sedas para te vestir, um berço de ouro para ti, Deus menino.
Pobre de mim que aqui me encontro e nada tenho, pois todos os tesouros que tinha fui-os repartindo ao longo do caminho com a criança faminta, com o irmão sem abrigo, sem emprego, com o meu irmão, com a minha irmã que precisavam de mim. E eram tantos… Sabes, menino, de cada vez que o fiz a tua luz brilhava mais forte e foi mais fácil caminhar.

Meu Menino, meu Senhor e meu rei, permite-me contemplar agora a tua luz e deixar-me invadir totalmente por ela. Prostrado a teus pés, em adoração, aqui estou. Com tudo o que sou, com os tesouros que me ficaram da caminhada. Recebe-os e recebe-me meu Senhor. Faremos juntos, o caminho de volta: o caminho dos pobres, dos mansos, dos humildes, dos felizes.
Olinda Ribeiro

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