domingo, 21 de setembro de 2014

O meu Amigo plantou uma Vinha



O meu amigo plantou uma vinha numa bela colina,
Promessa fervente de frutos frescos, que semeou para mim.
Saiu depois pelas ruas, procurando-me nos dias cinzentos,
Nas noites escuras onde me perdi.
E me encontrou por fim
Trabalhador de ultima hora, ocioso,
Tão cheio de mim que nem o vi.
E o meu amigo me procurando: Vem para a minha vinha. Preciso de ti.
Na vinha do meu amigo todos têm o seu espaço, pobres e ricos, homens e mulheres de todos os credos e cores,
Os filhos mais fiéis e os pecadores.
Todos chamados, livres, felizes, unidos pelo mesmo abraço,
E um mesmo amor incondicional:
O amor do Pai que nos convida para a sua vinha e acolhe a todos por igual.
Por isso te hei de louvar, Senhor da Vinha todos os dias da minha vida.
Na alvorada te direi: aqui estou.
Trabalharei no teu campo, beberei do teu vinho, comerei do teu pão,
E à noite cantarei a alegria de ser teu servo escolhido,
teu filho amado, partilhando tua Paixão,

e em paz descansarei, por fim, agradecido.

OlindaRibeiro

sábado, 19 de julho de 2014

Caminhando me perdi



Quis percorrer o caminho suave e seguro que desenhei para mim,
E nos caminhos me perdi.
Quis saciar esta sede de ser gente e ser feliz, nas fontes que descobri;
Quis encontrar a luz para apagar as noites que dentro de mim acendi;
Quis ser alguém, inventar estrelas, sozinho, sem Ti;
Quis mudar o mundo e do mundo me escondi;
Quis absorver a força que me trouxe hoje aqui;
Quis ser, de todos, irmão, e só então me apercebi

Que a minha vida, o meu mundo, a minha sede, a minha luz, a minha busca 
só valem a pena por Ti.

Olinda Ribeiro

domingo, 5 de janeiro de 2014

Revelação

Segui-te, minha estrela,
Luz dos meus olhos,
Farol do mundo.
O teu clarão orientou os meus passos
Nos caminhos da vida te procurei.
Nos palácios mais ricos, dignos de ti, meu Rei
Junto aos poderosos, entre os chefes das nações, perguntei por ti meu Senhor
«Onde está o rei?»
Em berço de ouro, de seda vestido, te procurei
Saí de mim, deixei o conforto
E parti, sem temor,
Até ao fundo da rua, até Timor, no limite dos meus passos,
E aqui te encontro
Nascendo nas mãos estendidas no serviço, nos pés descalços que pisam o teu chão
Nos sorrisos, nos abraços
Na Palavra feita esperança, nas vidas que se abrem para receber o irmão
No sorriso da criança acolhida por amor,
No missionário e na missão.
Diante de ti me ajoelho em adoração, luz da humanidade, bênção incompreendida,
A ti a glória e o louvor
A ti, meu rei, entrego a minha vida.
Doravante o caminho será diferente pois será feito de estrelas, de paz e calor.
Contigo em mim, meu rei e único Senhor,
A minha casa será o mundo
E eu serei vagabundo
Perseguindo a Tua luz, partilhando o Teu amor.
Olinda Ribeiro



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Senhor de Nazaré


 

Senhor Jesus de Nazaré

Senhor daqui e dali

De cada cidade e lugar,

Senhor de um amor singular

Sem peso nem medida

Por quem, como eu, não sabe amar;

Senhor de mim e de ti

Razão da minha vida,

Senhor do que parte e do que fica

Senhor Deus Pai, Aquele que é,

Menino de Belém que a todos santifica.

Senhor da fé.

Espírito que está e permanece

Deus Filho que se oferece,

Supremo amor, bondade infinita…

Senhor do que é livre e acredita

e se entrega, criança, no colo da mãe.

Senhor Deus da paz e do bem,

Tu és, só Tu, Senhor meu Deus,

O sentido da minha vida

Pastor que me encontra se estou perdida,

O meu pão e o meu vinho

A luz que ilumina o caminho

que sigo, agradecida, de volta para os céus.
 
Olinda Ribeiro

domingo, 8 de dezembro de 2013

Mãe




Mãe, estamos a caminho

Procuramos o Senhor, Deus Pai, teu filho Jesus, o Espírito de amor.

Procuramos a terra prometida de leite e mel, de fraternidade

Procuramos a paz, a felicidade,

Queremos viver a vida, dom de Deus, à luz da tua vida.

Mas o caminho é longo e difícil

Exige desprendimento e doação,

Amor sem tempo, sem condição, sem recompensa.

Apetece, por vezes, desistir,

Mudar de rumo, agarrar os próprios sonhos e seguir

de volta para mim, para o cantinho confortável que fui criando para mim, só para mim.

Olho para o lado, não estou só.

Somos muitos os que caminhamos, os que fazemos estrada

Assim, lado a lado com os amigos, irmãos.

Nós, o teu amor, o desejo de caminhar, mais nada.

E claro, aquele que é a Luz, o teu filho Jesus, no coração.
Olinda Ribeiro

quinta-feira, 21 de novembro de 2013


Natal de novo
Novo Natal
















Foi Natal
Os galos foram os sinos
Os anjos são os meninos, no segredo da cabana, acabados de nascer.
Foi Natal
Nas mãos limpas, abertas para acolher,
No missionário, escorrendo suor,
que escolheu viver cada dia, em cada hora
O evangelho do Amor.
Foi Natal
No brilho do olhar, no coração da avó que recebeu em casa, e na sua vida, o seu Senhor.
Foi Natal nas ruas de pó e pedra, onde os sorrisos correm descalços
em buganvílias a florir
no silêncio do caminho.
Foi Natal
No hábito do capuchinho,
do jovem que se fez pescador.
Na menina que se fez Irmã, sol, carinho, amor.
Foi Natal
E as vestes brancas dos anjos morenos
encheram de alegria e cor e paz e bem
a igreja que hoje foi nova Belém
Foi Natal
Na aldeia que amanhece louvando o Senhor,
No pão partido para quem vier, de longe, de perto, seja quem for.
Foi Natal
Sem gorros vermelhos, nem montras iluminadas
Sem bolas de espelho, brilhantes, guardadas
gastando brilho e cor no tempo que passa.
Foi Natal à luz de velas e estrelas cintilantes na imensidão do céu que a cada noite nos abraça
Foi Natal no mar que canta nas casuarinas junto à ribeira,
Na oração chorada, na roda de irmãos,
 à sombra fresca da mangueira.
Foi Natal
Os sinos tocaram, os anjos cantaram, as crianças riram e eu não ouvi.
Enquanto enfeitei o meu pinheiro e contei o dinheiro que gastei nas prendas que dei ou recebi
Foi Natal lá fora, e eu não vi.

21/11/2013

Olinda Ribeiro

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Segue-me!














Na margem do lago esperas por mim e eu não te vejo.
É noite, as minhas redes estão vazias.
Que posso eu sem ti? Que espero ver sem a tua luz, tu que és a luz do mundo?
E tu, Senhor Jesus, paciente, acreditas em mim, esperas.
De tal modo me amas que queres precisar de mim para a tua obra salvadora.
«Lança as tuas redes». Eu te darei o pão da vida. Eu serei teu alimento.
Tu que deste a tua vida para que eu tivesse Vida
Esperas-me na margem do lago, sorris, estendes-me a tua mão,
Em mim confias para chamar a ti os irmãos que andam perdidos na noite da vida.
Amas-me?
Tu sabes Senhor que te amo.
Não como me amas a mim, pois só a tua capacidade infinita de amar poderia voltar os olhos para a minha pequenez.
Só tu para amares aquele que tantas vezes te negou conhecer. Só tu, Senhor, para acreditares na minha fragilidade, só tu para semeares em solo tão pobre.
Amas-me?
Tu sabes Senhor que te amo.
Segue-me!
Aqui me tens Senhor: pobre, frágil, mas sonhado à tua imagem. Toma nas tuas mãos os dons que me deste. Quero deixar na margem tudo o que me pesa e me impede de navegar.
Partirei hoje mesmo levando na minha barca a Tua Palavra, alimento da minha vida. O coração livre para acolher os que Te procuram. A Tua Luz para iluminar o caminho dos que andam perdidos.
Partirei feliz porque, soprando as velas estará comigo a força do Teu Espírito.  
Olinda Ribeiro

terça-feira, 26 de março de 2013

Só morrendo contigo


Só morrendo contigo

Poderemos ressuscitar contigo!


 



Mais uma vez me dizes
Que me amas
E que me achas capaz de recomeçar
Por muitas quedas e erros…
Dizes-me para deixar o desalento e ressuscitar contigo!
Digo-te “Não sou digno”
E tu abraças-me e colocas-me o anel do filho pródigo…
Dizes-me: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que eu hei-de aliviar-vos» (Mateus 11,28).
E tomas sobre ti o que é pesado para mim…
E assim revelas que preferes o amor à dor
E que amar-te é responder-te…
Quero entregar-te, Senhor, a minha fragilidade
Esta fragilidade atrás da qual me escondo,
Como se Tu não fosses a minha força.
Como gostaria Senhor de partir para a terra que me indicas,
Como gostaria de semear todo o meu trigo
Semear, abrindo generosamente a mão,
Sem temer a incerteza do tempo.
Liberta-me Senhor do medo…
Porque a tua graça é luz
Que rompe todas as noites
É ponte que vence “os vales tenebrosos”.
Quero viver a alegria,
Ainda que o dia tenha horas cinzentas,
Quero acreditar em mim, sem ficar preso à humilhação de alguns fracassos;
Quero retomar o caminho,
Após a confusão de cruzamentos e de atalhos.
Quero afirmar a certeza da tua presença Senhor!
Eu sei que sou, por Ti
Contínua e gratuitamente amado…
Amado por Ti mesmo antes dos meus dias terem começado,
Amado por Ti nas horas de oração,
E amado por Ti quando penso que os meus gritos não são ouvidos.
Amado por Ti sem intervalos.
Gratuitamente. Totalmente.
Amado por Ti!
Neste prego que seguro nas mãos
Estão, Pai, todas as dúvidas, medos, fracassos,
Todas as minhas quedas…
Tudo aquilo que me prende à cruz e me impede de sair do sepulcro,
tudo o que me definha e anula.
Neste prego estão as tantas vezes
Em que rejeitei o amor e gastei as horas em actos inúteis e infrutíferos.
Tu apelas “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”
E com o teu perdão nos transformas, nos dás a libertação
E uma vida nova…
Só Tu Pai, com as minhas cicatrizes,
Consegues fazer de mim um homem novo
Teu Filho, Teu irmão, Teu discípulo, Teu servo…
E me dás a honra de me apoiar em Ti,
Tu que és o meu tudo!
Joana Ribeiro

sexta-feira, 1 de março de 2013

A sarça arde. Onde estou?
















Ando cego pelo mundo.
E tu, Senhor, estás em toda a parte por onde vou.
O teu povo sofre
Tem fome de paz, de liberdade, de justiça, de pão.
Nos sonhos de ter, casas, carros, fama, poder…
Vai deixando na margem do caminho
Caído, sofrendo, Teu filho Jesus, esquecido.
Vivemos a mentira, o desespero, a opressão.
Guerras por coisas banais.
O culto do EU e do MEU
O ser mais forte, mais elegante, mais, sempre mais…
É este o Horeb onde estou. A sarça arde, o sol brilha
E eu cego, não vejo os teus sinais.
Mas Tu Senhor, conheces o meu sofrimento, ouves os gritos do Teu povo e dizes o meu nome: Vem a mim e eu te enviarei.
No mundo semearás gestos de paz, de caridade e amor.
Porque Eu, o Senhor, te conduzirei por verdes prados
te darei terra boa onde corre leite e mel.
Que dizer-Te Senhor?
Não sou digno de ti, eu nada sei
Mas tu me chamaste e eu aqui estou
Podes enviar-me
E eu serei….
O que quiseres.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Cinzas














Hoje é tempo de parar
É tempo de descobrir em mim a condição de ser pó.
 Pó… humilde, frágil …
Facilmente levado pelo vento.
Pó…
Hoje é tempo de sentir que posso ser tão só
Barro, promissor
Nas mãos do oleiro
E por isso ansiar.
É tempo de me deixar moldar pelo Amor e a Ele me entregar por inteiro.
É tempo de morrer nas cinzas para ressuscitar da cruz.
Hoje é tempo de parar,
É tempo de deixar para trás o que me prende ao chão
É tempo de renascer, de deixar brilhar a Tua luz
Que enche o meu coração.
É tempo de me deixar levar como pó ao sabor do vento
Confiar,
Esperar,
Amar.
Olinda Ribeiro