sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

«Natal de porta aberta»

Abre a porta meu irmão, é Deus que bate.
O Deus descalço nas pedras da rua
O Deus nascido à sombra da lua
De mãos feridas, calejadas,
Desprezadas, estendidas
Mendigando por Deus, trabalho e pão.
Abre os ouvidos irmão.
É Deus que chora no lamento do vizinho
Que busca no horizonte vazio
O futuro há muito perdido
E ouvindo o som do sino,
De um pai natal sem sentido,
Saudoso do Deus Menino,
Vai vivendo e morrendo
Esquecido,
Sozinho.
Abre a tua porta irmão
É o Deus vadio, que chega, passado de mão em mão
O Deus de Isaac, de Jacob, de Abraão
O Deus de José e de Maria
O meu e o teu Deus, meu irmão.
Abre, irmão
É Deus peregrino
Que se faz pobre, menino
Nas palhas, tão pequenino…
É Deus que nasce na esperança,
No sorriso da criança
Que segue o pai confiante.
É Deus que não quer saber
Se és ou não importante.
Só quer esperar com amor
Que o queiras acolher
No calor do coração.
Abre a porta meu irmão
Afasta a noite, desperta
e faz da tua vida
Um Natal de porta aberta.
Abre os olhos meu irmão
É Natal, Deus está aí
sentado à tua porta
Sem pressa,
Esperando por ti.
Olinda Ribeiro

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