terça-feira, 13 de março de 2012

Este Deus em quem eu creio


No teu colo de Pai me entrego, como criança
Em ti descanso, meu bom pastor.
No silêncio que faço em mim, na intimidade
Em ti ponho a confiança
Para ti a minha oração,
Meu bom amigo, Senhor da paz, da liberdade, da relação.
Creio em ti Jesus que vens comigo cantar pelo mundo a boa nova da ressurreição.
A Boa nova de Deus que me convida
Ao compromisso com o seu Reino de justiça, verdade, vida e amor.
O compromisso com o Teu reino meu Senhor.
Creio em Deus que vive em cada opção
Que faço pela paz e pela vida, livremente.
Creio na Igreja, semente de horizontes novos,
Guia de todos os povos à luz que vem dos céus
E conduz todos os homens à comunhão de Deus.
Creio em Deus que na ausência se faz presença permanente
O Deus Senhor, omnipotente, que por sua bondade me concede inteligência
Para que eu saiba escutar, olhar o céu e amar
E embarque confiante nesta aventura de acreditar.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cega, e é Natal.

Vieste Senhor de mansinho
Vieste com o vento e com o tempo.
Ao cair da noite, frágil, pequenino,
Vieste Senhor.
Como brisa fresca entre as árvores da floresta
Como vulcão impetuoso descendo a montanha
Regato marcando caminho
Melodia suave trazida pelo vento
Vieste Senhor,
De mansinho.
Pobre, frágil, todo poderoso
Água e Fogo,
Crepúsculo e luz,
Menino e Deus,
Serenidade e força,
Humilde realeza,
Fizeste rainha a pobreza.
Manhã e tarde,
Presente, passado e futuro,
Princípio e fim,
Grito no silêncio que grita em mim.
Vieste Senhor
Emudecer os canhões e dar sentido às palavras e aos caminhos
Vieste para os ricos e os pobres,
Para os líderes das multidões e para os que vivem sozinhos,
Chegaste Senhor e eu não senti,
Tocaram tambores
Clamaram profetas…
Tão profunda surdez, eu não Te ouvi…
Procuras-me tão longe, filho!
Esse aí ao teu lado. Sim, esse aí! E aquele outro mal vestido, pobre, doente, desempregado… Esse outro vítima de violência e maus tratos, o pai que tudo faz para alimentar os seus filhos, o idoso no asilo, a criança rejeitada ainda antes de nascer… Sim, sou eu filho, estou aqui!
Olinda Ribeiro

Nasceu!

Nasceu. Sozinho na noite.
Pobre, nas palhas chorando.
Voltou a nascer porque os homens ainda não viram
Na criança indefesa,
A força de Deus.

Nasceu. Na escuridão de uma gruta,
No frio da noite, à luz das estrelas.
Voltou a nascer porque os homens ainda não viram
Na noite de Belém
O novo dia para a humanidade.

Nasceu. E o choro de Deus-criança
Foi canção que o vento entoou.
Voltou a nascer porque a humanidade
Não ouviu no choro da noite
A resposta de Deus às lágrimas dos homens.

Nasceu. Longe da cidade.
Apenas os humildes, os pobres e os sábios de longe
O foram visitar.
Voltou a nascer
Para que os cegos vejam
Os surdos ouçam
E a humanidade perdida
Não desista de O encontrar.
Olinda Ribeiro

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

«Natal de porta aberta»

Abre a porta meu irmão, é Deus que bate.
O Deus descalço nas pedras da rua
O Deus nascido à sombra da lua
De mãos feridas, calejadas,
Desprezadas, estendidas
Mendigando por Deus, trabalho e pão.
Abre os ouvidos irmão.
É Deus que chora no lamento do vizinho
Que busca no horizonte vazio
O futuro há muito perdido
E ouvindo o som do sino,
De um pai natal sem sentido,
Saudoso do Deus Menino,
Vai vivendo e morrendo
Esquecido,
Sozinho.
Abre a tua porta irmão
É o Deus vadio, que chega, passado de mão em mão
O Deus de Isaac, de Jacob, de Abraão
O Deus de José e de Maria
O meu e o teu Deus, meu irmão.
Abre, irmão
É Deus peregrino
Que se faz pobre, menino
Nas palhas, tão pequenino…
É Deus que nasce na esperança,
No sorriso da criança
Que segue o pai confiante.
É Deus que não quer saber
Se és ou não importante.
Só quer esperar com amor
Que o queiras acolher
No calor do coração.
Abre a porta meu irmão
Afasta a noite, desperta
e faz da tua vida
Um Natal de porta aberta.
Abre os olhos meu irmão
É Natal, Deus está aí
sentado à tua porta
Sem pressa,
Esperando por ti.
Olinda Ribeiro

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Consolai o meu povo

Consolai o meu povo, consolai.
Do meu povo que sofre, sede esperança, alegrai.
Do meu povo faminto, sede alimento, alimentai.
Consolai o meu povo, consolai
O meu povo que morre e que mata,
De quem a vida se esquece e maltrata.
Consolai.
Do meu povo perdido, sede luz, guiai.
Do meu povo esquecido, sede presença, visitai.
Consolai o meu povo, consolai,
Preparai o caminho.

Consolai o meu povo que vive adormecido,
enquanto o meu Filho nasce e a Páscoa acontece.
Uma grande luz rasga a noite no deserto
E um novo dia amanhece.
Consolai o meu povo, consolai.
Sede minhas mãos para acolher e abençoar.
Sede minha boca para bendizer e anunciar, ao meu povo que sofre,
O meu reino de amor.
Sede, por mim, e eu vos prepararei um lugar.
Sereis o meu povo, minhas ovelhas
Perdidos vos hei de encontrar
Sereis o meu povo amado
Eu serei vosso cajado, o Bom pastor.
Olinda Ribeiro

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Esquecimento

Esqueci-me ao acordar
De olhar em volta e louvar
 A vida que me dás, Senhor.
O dia de chuva ou de sol
O canto do rouxinol
A Primavera em flor.
Esqueci-me de agradecer
A amizade e o perdão
Até o que ia dizer,
As palavras onde estão?
Mesmo que um dia aconteça
De me esquecer de quem sou,
Donde venho, seja eu quem for
Não deixes Senhor que me esqueça,
Nem um minuto do dia,
Da ternura de Maria,
E da força do teu amor.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Para ti, Senhor

És meu amparo Senhor
Desnudas a árvore para que os meus dias tenham calor
E a cobres de folhas para à sua sombra repousar.
Dás os peixes ao mar
E transformas em fruto a flor
Dás o sol ao dia, e à noite o luar
E à minha vida a luz do teu amor.
A tua mão suave me segura
O teu amor infinito me sustenta.
A tua palavra me ilumina,
Me dá força e alimenta
E enche a minha vida de cor.
Como pai leva ao colo o filho amado
Assim me levas pela vida,
Meu berço, meu caminho, meu cajado.
Para ti me volto, agradecida,
 Meu único bem, meu Senhor.
Tu que és meu alimento, meu abrigo protector,
Minha fonte de água pura,
Inunda-me com esse amor
Que sacia esta fome que tenho de te encontrar,
De viver esta bendita loucura de te seguir, de te amar,
de ser e viver para ti.
Olinda Ribeiro

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Adonai
















Tu és Adonai, meu Senhor
O Deus que É
O Deus que está. Isso me basta.
Tu és o SENHOR e o Amigo
Que nunca se afasta, e se faz caminho, comigo.
És Adonai
O fogo abrasador que me inflama, me aquece;
O Deus que chama e me conhece;
O SENHOR que desce da montanha e vem viver em mim.
Eu te amo JAVÉ, HASHEM, ADONAI.
Para sempre o teu nome cantarei.
És Espírito, Irmão e Pai,
Princípio e fim,
SENHOR dos Senhores, meu Deus, meu Rei.
Olinda Ribeiro

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Porquê?



Porque me esqueço de ti
Se de mim te não esqueces?
Porque me digo pobre
Se a mim tudo no mundo ofereces?
Porque afasto de ti meu olhar
Se é a tua luz que neles brilha?
Porque me sinto órfã
Se em teu doce amor me chamas filha?
Porque teimo em fugir de ti
Se só em ti encontro abrigo?
Porque me escondo de ti
Se noite e dia, sem cessar,
a força do teu Espírito está comigo?
Não permitas Senhor, que me afaste do teu caminho
Pois quem caminha contigo
Nunca caminha sozinho.
Orienta os meus passos,
E perdoa os meus fracassos
Meu querido Pai, meu irmão, meu bom amigo…

Olinda Ribeiro

Fica connosco

Fica Senhor, fica connosco.
 Tu que fazes brotar sonhos na desilusão,
 tu que fazes o caminho abençoado e o percorres connosco,
não á nossa frente nem atrás de nós mas ao nosso lado.
Companheiro, amigo, irmão.
Fica Senhor, fica connosco.
Tu que és luz dos meus olhos, e tomaste conta do meu coração,
fica e partilha connosco palavra e pão.
Tu que fazes de mim companheiro de jornada,
tu que me aceitas e me acolhes no teu amor,
 faz de mim tua morada
 e vem comigo percorrer a estrada de volta à esperança,
 ao sonho de Deus,
ao encontro do irmão sedento de amor.
Fica Senhor, fica connosco.
Sem ti no caminho estarei perdido.
Só em ti o caminho fará sentido.
Tu que és o caminho, a força na minha fraqueza,
vem, e senta-te à minha mesa,
vem e dá-me do teu pão.
Fica só por um instante.
Seguiremos depois adiante, com o sol no coração.
Contigo, Deus vagabundo,
 irei feliz pelo mundo anunciar com alegria
a tua ressurreição.
Olinda Ribeiro